A seguir, compartilho uma história real e detalhada de um milagre atribuído a Santo Antônio de Pádua, uma das figuras mais veneradas da Igreja Católica. Este relato é extraído da obra clássica “Fioretti di Sant’Antonio” (em português, “As Florezinhas de Santo Antônio”), uma coletânea de milagres e histórias edificantes sobre a vida do santo, compilada por frades franciscanos a partir do século XIII.
O Milagre da Mula que se Prostra diante da Eucaristia
O contexto: a fé contestada
No século XIII, Santo Antônio de Pádua pregava intensamente contra as heresias, especialmente em regiões do norte da Itália e do sul da França, onde movimentos como o dos cátaros (albigenses) negavam diversos dogmas da Igreja, inclusive a Presença Real de Cristo na Eucaristia.
Durante uma de suas missões na cidade de Rímini, na Itália, Santo Antônio encontrou um herético chamado Bonvillo, homem culto e teimoso, que desafiava a doutrina da Igreja sobre a Eucaristia.
Bonvillo, certo de sua razão, propôs um desafio público ao santo franciscano:
“Padre Antônio, se o burro que eu possuo se ajoelhar diante da hóstia consagrada, então crerei que nela está verdadeiramente presente o corpo de Cristo.”
O desafio: três dias de jejum
O acordo foi selado. Bonvillo manteria sua mula sem alimento por três dias. Após esse período, eles se encontrariam em praça pública: de um lado, Santo Antônio traria o Santíssimo Sacramento; do outro, Bonvillo apresentaria à mula um balde de feno fresco.
Durante os três dias de jejum, Santo Antônio orou e jejuou com fervor, pedindo a Deus que manifestasse Sua verdade, não para humilhar o herege, mas para converter sua alma.
O dia do milagre
Chegado o dia, uma multidão se reuniu para testemunhar o evento. O campo estava dividido: de um lado, o altar improvisado com a hóstia consagrada; do outro, o feno, tentador para o animal faminto.
Bonvillo conduziu a mula ao centro da praça. Quando o animal foi solto, imediatamente dirigiu-se ao feno — mas, no instante em que Santo Antônio ergueu a hóstia e proclamou com fé:
“Criatura de Deus, em nome do teu Criador, que eu, indigno sacerdote, sustento em minhas mãos, eu te ordeno: vem e presta homenagem ao verdadeiro Deus, para que todos vejam e saibam que toda a criação se submete ao seu Senhor!”
A multidão prendeu a respiração.
O milagre
A mula parou. Depois, num gesto que surpreendeu a todos, virou-se em direção à hóstia, abaixou a cabeça e dobrou as patas dianteiras, ajoelhando-se com reverência.
O povo aclamou com júbilo, muitos choraram. Bonvillo, diante da evidência, caiu de joelhos, confessou sua heresia e se converteu publicamente à fé católica.
O impacto
Esse milagre tornou-se um dos mais famosos da vida de Santo Antônio, frequentemente representado em vitrais, afrescos e esculturas. Ele é um dos motivos pelos quais o santo é invocado como defensor da fé e pregador eficaz contra a incredulidade.
Fonte literária do relato:
Este milagre está registrado em:
📘 “Fioretti di Sant’Antonio”, também conhecido como “As Florezinhas de Santo Antônio”
- Compilado por frades franciscanos nos séculos XIII-XIV
- Publicado em várias línguas e edições ao longo dos séculos
- Traduzido para o português por diversas editoras, inclusive Paulinas e Vozes.
A história também aparece em versões posteriores da Legenda Assidua, uma das biografias oficiais do santo, redigida por volta de 1232, logo após sua canonização, e em obras como “A Vida de Santo Antônio” de Piero Bargellini.
Uma história linda, emocionante!